Um Galdério na Estância do Além
Para facilitar o entendimento desta peça, cujo texto pode ser adaptado à linguagem teatral pela companhia de teatro, elaborou-se um glossário com termos de alguns Estados ou Regiões Geográficas do Brasil.
Glossário gaúcho:
Acordeona = Gaita, sanfona ou concertina | Minuano = Vento gelado dos pampas |
Apear = Descer do cavalo | Nem eira, nem beira = Sem bens materiais |
Canha = Cachaça de cana de açúcar | Oigalê = Expressão de alegria |
Capataz = Quem cuida de uma fazenda | Pagos = Terras do Sul |
Carreteiro = Arroz com carne de charque | Pampas = Terras a perder de vista. Planura |
China = Mulher da vida [1] | Pingo = Cavalo de estimação |
Estância = Grande extensão de terras | Pinguancha = Namorada de ocasião |
Fandango = Baile típico gaúcho | Sesta = Descanso depois do almoço |
Gaudério = Andarilho, sem morada fixa | Soslaio = De esguelha, de lado |
Guasca = Homem rude | Tertúlias = Manifestações espontâneas da cultura |
[1] Conforme João Carlos Paixão Côrtes, maior folclorista gaúcho, consultado no dia 7 de setembro/03, em Brasília (DF), sobre o texto “Um Gaudério na Estância do Além, o termo “china” inicialmente não tinha a conotação de mulher da vida, mas de esposa, pois havia poucas mulheres no Rio Grande do Sul e os homens casavam com índias, que eles achavam parecidas com chinesas, pelo formato do seu rosto. Só recentemente china adquiriu a conotação de mulher da vida. Ele também falou que o termo “gauchinho” pode ser pejorativo, se usado fora do contexto desta peça teatral. Além disso, houve um enriquecimento expressivo do texto, com as sábias ponderações desse ilustre folclorista.
Glossário nordestino: São Pedro, nordestino, terá linguajar dessa Região, com o respectivo glossário, que falta ser elaborado:
Cabra da Peste = Homem curtido |
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Quenga = Mulher da vida |
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Glossário mineiro: Deus, mineiro, terá linguajar típico de Minas Gerais, com o respectivo glossário, que falta ser elaborado:
Trem = Qualquer pessoa ou objeto | |
Uai, Sô = Expressão de surpresa |
Com a cortina fechada e as luzes apagadas, toca a música: Churrasco, bom chimarrão, fandango, trago e mulher, é disso que o velho gosta, é isso que o velho quer…
Enquanto isso, alguém oculto vai lendo, em voz alta e bem pausada, o seguinte texto:
Ele nasceu de um namoro nas barrancas do Rio Uruguai. E da forma como nasceu, viveu gaudério pelos pagos do Sul, sorvendo a cultura gaúcha em inúmeras tertúlias. Em cada roda de chimarrão, trago de canha ou fandango, aprendia algo mais, até se tornar um retrato perfeito da alma gaúcha. Vivia pelos pampas, montado em seu pingo e apeava onde ouvia uma acordeona. E assim encontrou na arte a sua própria subsistência. Sem eira nem beira, comia churrasco bem gordo e depois caía nos braços das chinas. Em cada rincão tinha uma pinguancha que o aguardava com saudades do tamanho do Rio Grande do Sul. Era uma alma feliz… Numa noite de inverno, depois de um carreteiro, vinho e muitos abusos, o gaudério partiu com o vento minuano, lá de Passo Fundo, para a Estância do Além.
Abre-se a cortina…
Cenário: Pátio de uma casa, com uma janela fechada. São Pedro, com barba e vestimentas brancas, rodeado de anjinhas de todas as Regiões Geográficas do Brasil (índias, loiras, morenas e negras), com asas nos ombros e roupas típicas da sua região. No elenco de artistas também há diversos anjos, que entram no palco durante esta peça teatral.
Entra o Gaudério, pilchado de branco, com botas e chapéu pretos, e barbicacho. Está tomando chimarrão numa cuia enorme e declama, pensativo, os seguintes versos:
Quando sorvo o verde amargo, o meu pensamento largo vai aos campos da evocação. Até parece que eu afago o coração do meu pago no porongo em minha mão…E sinto em seu bojo quente, ferver o sangue da gente, que foi o índio Sepé Tiaraju que, pelejando nas coxilhas, foi depois farroupilha, no entrevero a peito nu…
Quando vê São Pedro, leva um susto, mas logo se recompõe como se estivesse acordando…
Gaudério: Oh, capataz. Esse índio velho aceita um chimarrão?
São Pedro (olhando de soslaio): Mas de onde vem essa figura? Quero conferir a ficha deste ex-vivente.
Uma anjinha lhe entrega a ficha. Outra anjinha, toda dengosa, pede um chimarrão ao Gaudério:
Anjinha 1: Posso experimentar essa seiva?
Gaudério: Sentirás o meu sabor, pois no chimarrão a gente dá beijinhos por tabela…
Anjinha 1 (tomando o primeiro gole): Mas que beijinho gostoso!
Anjinhas 2 e 3: Eu também quero, eu também quero (e as três somem do palco com a cuia de chimarrão).
São Pedro apavora-se com essa atitude e, ainda mais, com o que está escrito na ficha, exclama:
São Pedro: Mas gaudério, você é um cabra da peste. Fez na vida tudo o que não devia!
Gaudério: E fiz tudo com muito prazer! Te convido para conhecer o paraíso que é o Rio Grande do Sul. (As anjinhas ficam muito assanhadas com essa resposta).
São Pedro: E você já conhece Jesus Cristo?
Gaudério: Mas barbaridade, tchê! Esse é o índio que eu mais admiro. Nasceu pobre como eu, num ranchito coberto de palha, rodeado de vacas, de ovelhas e de um pingo, que depois o salvou dos poderosos, levando-o com seus pais para o Egito. Viveu solteiro e gaudério como eu, lá pelos pagos da Palestina, fazendo o bem a todos e ensinando a verdade…
São Pedro: Vejo que és uma alma pura!
Gaudério: (olhando para as anjinhas) E eu vejo que estás muito bem servido nesta Estância do Além. Tens pinguanchas tão lindas como as minhas no Rio Grande do Sul.
São Pedro: Deixa minhas anjinhas em paz! Afinal de contas, o que sabes fazer?
Gaudério: Me passa uma acordeona que já te mostro.
São Pedro solicita que a anjinha 3 busque uma acordeona. Ao colocar a acordeona nos braços, diz para a anjinha:
Gaudério: Preferia receber você nos meus braços…
Anjinha 3: Não faltará oportunidade…
São Pedro mostra-se cada vez mais preocupado com essas intimidades… O Gaudério começa a cantar:
Meu pago [1]
Venho vindo das campinas deste Rio Grande de Deus,
venho atrás dos teus carinhos, dos meigos sorrisos teus.
Mal desponta o sol doirado, saio a trote pela estrada.
O meu pingo é bem ligeiro, não o abate a caminhada.
No verde pampa do meu Rio Grande,
tudo é beleza, não se sabe o que é tristeza,
vive alegre o coração.
E a noite desce toda estrelada,
então é lindo ver-se a guapa gauchada
de viola e gaita à mão.
Todos cantam seus amores, pondo a mão no coração,
chora a gaita no terreiro, geme o pingo no galpão.
Quem não ama o Rio Grande desconhece o que é viver,
deixa o lado bom da vida para penar e sofrer.
[1] “Meu Pago” é uma canção bem antiga, que em 21/09/82 foi oficializada como hino municipal de Cachoeira do Sul, pelo Prefeito Moacir Rosing (Índio Velho).
No verde pampa … (repete essa parte, acompanhado por algumas anjinhas, principalmente a anjinha 3)
São Pedro: Gaudério, já notei que tens uma linda voz. O Pai Celestial se sentiria no paraíso se você lhe cantasse hinos de louvor.
Gaudério: Mas bah, tchê! O Gaúcho tem o maior respeito à Patronagem. E tem muito mais respeito e adoração pelo Patrão Celestial. É com o maior prazer que atendo a tua solicitação.
São Pedro: Então se abolete ai perto da janela e comece a cantar, que o Pai Celestial agora está fazendo sesta.
O Gaudério posta-se frente à janela, toca a acordeona com suavidade e canta a seguinte canção, arrancando suspiros de prazer de São Pedro e das anjinhas:
Eu estou bem, na Estância do Além, cantando hinos ao Senhor, aleluia, aleluia… (a partir daqui as anjinhas e São Pedro, com uma viola, cantam com o Gaudério, acompanhados por violinos e flautas). Tudo é paz, paz e amor, amor do Deus Universal, aleluia, aleluia…[1] O gaudério engasga e pede a São Pedro:
Gaudério: Oh índio velho, me arruma uma canha para limpar a goela.
São Pedro: Mas Gaudério, você não sabe que está na Estância do Além e não mais no Rio Grande do Sul. Aqui não é permitido tomar canha…
Gaudério: Mas que barbaridade! E isso você chamam de paraíso? É porque ainda não conhece o Rio Grande do Sul.
O Gaudério abre a acordeona e trova a todo volume, gabando a hospitalidade e a liberdade no Rio Grande do Sul e protestando contra o tratamento na Estância do Além.
São Pedro, com uma viola, enfrenta o Gaudério na trova, defendendo a Estância do Além, sob os aplausos das anjinhas, umas defendendo o “Pedroca”, outras o Gaudério, obtendo, se possível, a adesão da platéia… À medida que o auditório aplaude, as luzes da platéia vão sendo acessas, criando um clima de intensa vibração. Versos a serem elaborados com os seguintes motes:
- O Gaudério reclama que São Pedro não foi gentil ao desprezar o chimarrão, que é a maior ofensa no Rio Grande do Sul.
- São Pedro responde que no paraíso o chimarrão não é necessário, pois lá correm rios de leite e mel.
- O Gaudério diz que o leite é para as crianças e que o homem adulto toma canha, que não existe nesse lugar, que chamam de paraíso.
- São Pedro responde que cachaça é bebida dos mortais e que no paraíso se bebe do cálice da vida.
- O Gaudério diz que o verdadeiro paraíso é o Rio Grande do Sul, onde há plena liberdade, que lá as pinguanchas estão disponíveis e aqui não.
- São Pedro reage energicamente, dizendo que o gaudério não se atreva a perverter as anjinhas, pois são inocentes.
- O Gaudério diz que esse não é o paraíso, mas o inferno, pois nem o Patrão recebe as pessoas. O Patrão Celestial fica dormindo, enquanto o céu desaba.
A trova segue até este momento, em que o Gaudério envolve o Patrão Celestial. Ouve-se um trovão, as luzes do palco e da platéia se apagam e ficam apenas holofotes em São Pedro, no Gaudério e na janela do Pai Celestial.
Ambos estão de joelhos, trêmulos, olhando apavorados para a janela, em silêncio absoluto, enquanto as anjinhas estão prostradas. (Nesse ínterim a acordeona e a viola somem do palco).
O Patrão Celestial, sonolento, abre a janela para expiar quem está lhe perturbando o sono. Quando vê o Gaudério, exclama:
Patrão Celestial: Uai, Sô! Donde veio esse trem para perturbar a nossa paz celestial? Manda ele para o fundo dos infernos.
São Pedro: Chispa, Gaudério, pois aqui, como lá no Rio Grande do Sul, quem manda é o Patrão.
Gaudério: E vou com muito prazer. Certamente lá aceitam o meu chimarrão e terei canha para beber. (some do palco)
As anjinhas, frustradas, fazem os seguintes comentários a São Pedro:
Anjinha 1: Ele era tão bonitinho…
Anjinha 2: Ele era tão queridinho…
Anjinha 3: Ele era um tesão…
Anjinha 4: Pedroca, o gauchinho cantava tão bem…
Anjinha 5: Que bom! Ele ainda está aqui na vizinhança…
Anjinha 6: Pois é! Nós poderíamos constituir a COOPERANJA…
Anjinha 7: O que é isso?
Anjinha 6: Uma cooperativa de anjas.
Anjinha 7: E para quê?
Anjinha 6: Lá na terra as pessoas mais sábias formam cooperativas para resolver problemas em comum. Existem cooperativas em todos os países e em todos os setores da economia. Eu vivi no Brasil, onde há treze ramos, todos integrados ao Sistema OCB e beneficiados pelo Sescoop.
São Pedro: Também existem cooperativas de pesca?
Anjinha 6: Sim. No Brasil até se criou uma Secretaria Especial de Piscicultura e Pesca.
São Pedro: Quando eu pescava com Jesus no Mar da Galiléia, ele nunca me falou sobre cooperativas de pesca.
Anjinha 6: Naquela época nem existiam cooperativas. A primeira cooperativa, nos moldes atuais, foi criada em fins de 1844 pelos Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra.
São Pedro: Então está explicado.
Anjinha 7: Tudo bem. As cooperativas podem ser importantes lá na terra. Mas para quê uma COOPERANJA aqui na Estância do Além?
Anjinha 6: Uai! Certamente o Gauchinho vai criar a COOPERDEMO a aí poderíamos ter relações intercooperativas…
Anjinha 8: E deve ter cada diabinho…
São Pedro: O que é isso? Parecem umas quengas!
Anjinha 8: E tem mais: Essa vida monótona aqui acabou. Fomos tão comportadas lá na terra e agora também queremos curtir a vida. Caso contrário, é greve!
Todas: Isso mesmo! É greve até o gauchinho retornar… (cruzam os braços e se retiram)
São Pedro, desesperado, bate na janela e diz:
São Pedro: Patrão Celestial! Precisamos mandar esse cabra da peste para bem longe daqui, pois o inferno fica perto demais…
Patrão Celestial: Afinal de contas, donde veio esse guasca?
São Pedro: É um gaúcho que andou solto pelos pagos do Sul que nem um bagual. Comeu e bebeu além de tudo a que tinha direito… Andou de fandango em fandango, até que veio para cá perturbar a nossa paz. Canta que é uma beleza, mas já andou arrastando as asas para o lado das anjinhas, que agora estão em greve por causa dele. Estou muito preocupado com o estrago que ele pode fazer em nosso rebanho celestial… Mesmo assim, é um grande admirador do teu Filho Jesus…
Patrão Celestial: Ah! É verdade? Mas isso é uma boa notícia. Esse Gaudério veio em boa hora… Faz muito tempo que preciso enviar uma mensagem ao Governo. Vê se ele aceita a proposta de retornar, mediante o compromisso de levar este bilhete ao Governo.
São Pedro: Essa é uma idéia divina… Assim nós nos livramos dele, termina a greve e o Gaudério fica feliz, retornando aos pagos, de onde nunca deveria ter saído…
O Gaudério chega estropiado, bêbado, vestido de preto, calçando alpargatas e todo chamuscado, com chifres vermelhos, tendo na mão um litro de canha…
São Pedro: Mas o que é isso? Estás todo estropiado…
Gaudério: É de saudades do Rio Grande do Sul.
São Pedro: Pois tenho uma excelente notícia. O Patrão Celestial, na sua infinita sabedoria, permite que você retorne à terra para levar esta mensagem à Presidente Dilma, aos Governadores e aos Prefeitos “O Sistema Cooperativista é a melhor estratégia para resolver os problemas da sociedade neste terceiro milênio, porque é o Caminho para a Democracia e a Paz. Nele se desenvolve a cidadania em plenitude e se gera o equilíbrio entre o social e o econômico.” [2]
Gaudério: Oigalê! E é para já… (some do palco).
São Pedro: Patrão celestial! Faz milênios que estou aqui na portaria e até hoje ninguém teve o privilégio de voltar depois de morto…
Patrão Celestial: É verdade. Mas também faz milênios que vivemos em paz e esse gaudério foi o primeiro que teve o atrevimento de vir nos incomodar.
São Pedro: O Senhor tem algum preconceito contra os brasileiros?
Patrão Celestial: Muito pelo contrário… Todo o mundo sabe que sou brasileiro!
São Pedro: E de que Estado?
Patrão Celestial: (mostrando a bandeira do Estado em que está sendo apresentada a peça). E ainda duvida?
São Pedro: Nesse caso lhe faço um convite. Venha assistir um show sociocultural desta Região, daqui há pouco.
Anjinha SC (dirigindo-se ao Patrão Celestial): E o que o Senhor sabe de Santa Catarina?
Patrão Celestial: Lá coloquei as praias mais lindas do planeta terra.
Anjinha MT: E do Mato Grosso?
Patrão Celestial: No Mato Grosso criei um imenso pantanal para a convivência harmoniosa dos meus filhos com as plantas e os animais.
Anjinha BA: E da Bahia?
Patrão Celestial: Bahia é o berço onde nasceu esse imenso Brasil, que preparei para ser o centro de irradiação da minha mensagem para o terceiro milênio, que é uma mensagem de paz, de amor e de harmonia entre os povos.
Anjinha AM: E do Amazonas?
Patrão Celestial: No Amazonas coloquei a maior parte da água doce deste planeta, além de grandes florestas. Tudo isso precisa ser preservado pelos brasileiros como um bem para toda a humanidade.
Anjinha RJ: E do Rio de Janeiro?
Patrão Celestial: Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil… (inicia cantando, acompanhado pela música em CD, e todos cantam juntos, criando um ambiente de grande festa).
Anjinha 6: O Senhor faz alguma distinção entre homens e mulheres?
Patrão Celestial: Ambos têm a mesma importância e se complementam. Toda a minha criação se equilibra no masculino-feminino, resultando na harmonia universal. Homens e mulheres, com profundo respeito mútuo, podem gerar filhos equilibrados e sintonizados com o cosmos. Em todos os setores da convivência humana é importante a participação de homens e de mulheres. Assim a sociedade se torna mais humana e mais justa.
Anjinha da UF (Onde esta peça é apresentada): E como o Senhor se sente no meu Estado?
Patrão Celestial: Pois é aqui que me sinto em casa. Estou muito feliz por estar com vocês. Fiz minha morada no coração de cada um e gostaria de permanecer ali para sempre.
Anjinha DF: E qual o seu plano em relação ao Distrito Federal?
Patrão Celestial: Lá fica Brasília, cidade onde convivem pessoas de todos os países, de todas as religiões e todas as culturas. Pelo espírito pacífico, inteligente e criativo dos brasileiros, quero desenvolver uma nova civilização, que não faça mais guerras e saiba cuidar de todas as minhas criaturas. Em cada criatura, por menor que seja, eu estou presente.
São Pedro: Mas como conciliar tantas religiões e tantas culturas diferentes. Enfim, onde está a verdade?
Patrão Celestial: Muitos continuam procurando a verdade fora e nunca vão encontrá-la, pois a escondi no coração de cada pessoa.
São Pedro: O Senhor pode nos ensinar como encontrá-la?
Patrão Celestial: Fechem os olhos. A partir de agora vou falar para cada um de vocês individualmente. Coloca as mãos sobre as pernas, com as palmas voltadas para cima, para se tornarem receptivas. Inspira algumas vezes profundamente, para te alimentar com a minha energia. Inspira… expira, bem devagar. Inspira…expira. Inspira…expira. Entra em silêncio absoluto. Agora estou presente no teu coração, como sempre estive e sempre estarei, pois o teu coração é o meu templo. Aceita todo o teu passado, como lições para obter a sabedoria. Perdoa a tudo e a todos, inclusive a ti mesmo, porque és um espírito que sempre existiu e existirá por toda a eternidade. Coloca o futuro em minhas mãos, sem preocupação, pois sou o caminho, a verdade e a vida. Deixa o amor inundar todo o teu ser, penetrando em cada célula do teu corpo. Agora podes renascer pelo espírito para a vida em plenitude, junto com todas as almas já iluminadas. Fica em silêncio absoluto e escuta a verdade que escrevi no teu coração. (Uma música cria um ambiente de relaxamento e meditação).
Quando a música termina a platéia continua em meditação e a anjinha 3 fica aguardando fora do palco, até ouvir qualquer manifestação de impaciência na platéia. Ai ela entra no palco e pergunta a São Pedro:
Anjinha 3: O Senhor tem notícias do gaudério?
São Pedro (olhando ao Patrão Celestial): Só Deus sabe…
O Patrão Celestial, com olhar decepcionado, fecha a janela, sem dizer nada. Fecha-se também a cortina e, enquanto isso, alguém oculto vai lendo, em voz alta e bem pausada, o seguinte texto:
O Gaudério reassumiu a carcaça, que havia abandonado em Passo Fundo. Ergueu-se, tomou uma canha e ouviu uma acordeona. Sentiu-se novamente no paraíso. Montou no pingo, foi direto ao fandango e continua até hoje gauderiando pelo pagos do Sul.
Por isso os Governos Federal, Estaduais e Municipais ainda não sabem que foi uma mensagem divina a ONU ter definido 2012 “O Ano Internacional das Cooperativas”, com o slogan: “Cooperativas constroem um mundo melhor”.
Aumenta o volume da música inicial: churrasco, bom chimarrão, fandango, trago e mulher… FIM
[1] Letra e música do Autor
[2] Esta mensagem pode ser adaptada, pelo Presidente da OCB, das OCEs ou das Cooperativas, ao local onde a peça teatral é apresentada, caso conveniente. Quando a peça é apresentada no Estado, o nome da Presidente Dilma pode ser substituído pelo nome do Governador, e quando no Município, pelo nome do Prefeito.
OBSERVAÇÕES:
Trata-se de um evento com o intuito de valorizar a culinária, o folclore, a poesia, as danças, os cantos… enfim, a cultura de cada Estado, Região ou País onde essa peça será apresentada.
Nesse sentido, é interessante haver um local, perto do teatro, para realizar, quando viável, um show de integração sociocultural (cujo texto está disponível), mediante degustação de comidas e bebidas artesanais, apresentação de músicas, cantos, poesias, danças folclóricas, exposição de livros e de pinturas etc.
Sugere-se que um grupo de gaiteiros, violeiros, flautistas e violinistas aguarde o público na saída do teatro e o acompanhe até o local do show, cantando:
“Como pode o peixe vivo, viver fora da água fria… Como poderei viver, sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia…”
ANEXO I
(Versão somente para cooperativas, no intuito de divulgar o Sistema Cooperativista)
Anjinha 6: Lá na terra as pessoas mais sábias formam cooperativas para resolver problemas em comum. Existem cooperativas em todos os países e em todos os setores da economia. Eu vivi no Brasil, onde há treze ramos, todos integrados ao Sistema OCB e beneficiados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop.
São Pedro: Que interessante! Certamente já temos anjos de todos esses ramos e gostaria que nos contassem algo sobre cada ramo. Para isso acho melhor ficarmos sentados… Que venha o primeiro.
Anjo do Ramo Agropecuário: O ramo agropecuário é composto pelas cooperativas de produtores rurais ou agropastoris e de pesca, cujos meios de produção pertençam ao Cooperado.
São Pedro: Inclusive de pesca?
Anjo do Ramo Agropecuário: Sim. No Brasil até se criou uma Secretaria Especial de Piscicultura e Pesca.
São Pedro: Quando eu pescava com Jesus no Mar da Galiléia, ele nunca me falou sobre cooperativas de pesca.
Anjinha 6: Naquela época nem existiam cooperativas. A primeira cooperativa, nos moldes atuais, foi criada em fins de 1844 pelos Pioneiros de Rochdale, na Inglaterra.
São Pedro: Então está explicado. E sobre os demais ramos?
Anjo do Ramo de Consumo: O ramo consumo é formado por cooperativas dedicadas à compra em comum de artigos de consumo para seus Cooperados.
Anjo do Ramo de Crédito: O ramo de crédito é composto pelas cooperativas destinadas a promover a poupança e financiar necessidades ou empreendimentos dos seus cooperados.
São Pedro: Já falaram várias vezes a palavra “cooperados”. O que significa isso?
Anjinha 6: Cooperados são todas as pessoas que livremente se associam a uma cooperativa, tornando-se assim donos e usuários dela. Na cooperativa cada pessoa tem apenas um voto, tornando a gestão plenamente democrática.
Anjo do Ramo Educacional: O ramo educacional é composto por cooperativas de professores, cooperativas de alunos de escola agrícola, cooperativas de pais de alunos e cooperativas de atividades afins.
São Pedro: Esse ramo parece ser importante, porque educa os viventes para uma convivência mais fraterna. Gostaria de ouvir um pouco mais sobre esse ramo. Parece que ontem veio uma menina de lá…
Menina de aproximadamente dez anos: Sou eu. Participei do Projeto Cooperjovem, que se realiza em duas fases. A primeira, iniciando a cooperação, é para nós crianças de 6 a 13 anos; a segunda fase, vivendo a cooperação, é para pessoas de 14 a 24 anos. Em quase todos os Estados do Brasil esse programa já está funcionando. O Sistema OCB criou um Ramo Especial para atender a nós crianças e as pessoas que necessitam ser tuteladas.
São Pedro: Que bom você estar conosco para contar as novidades de lá. E sobre os outros ramos, quem pode nos falar?
Anjo do Ramo Habitacional: O ramo habitacional é composto pelas cooperativas destinadas à construção, manutenção e administração de conjuntos habitacionais para seu quadro social.
Anjo do Ramo de Infraestrutura: O ramo de infraestrutura é composto por cooperativas cuja finalidade é atender direta e prioritariamente o próprio quadro social com serviços de base para sua atividade econômica ou bem estar. As principais são de eletrificação rural, mas também existem cooperativas de telefonia e outras.
São Pedro: Essas e as cooperativas agropecuárias eu conheço muito bem, pois sempre estão pedindo chuva ou reclamando porque chove demais. Felizmente cada vez mais pessoas estão se conscientizando da importância de cuidar do meio ambiente, que eu chamo de inteiro ambiente, pois os viventes precisam cuidar de tudo o que o Pai criou para o seu bem estar.
Anjo do Ramo de Mineral: O ramo mineral é formado por cooperativas com a finalidade de pesquisar, extrair, lavrar, industrializar, comercializar, importar e exportar produtos minerais.
Anjo do Ramo de Produção: O ramo produção é composto pelas cooperativas dedicadas à produção de um ou mais tipos de bens e produtos, sendo donas dos meios de produção.
São Pedro: Ué! Então as cooperativas de produção agropecuária não são desse ramo?
Anjo do Ramo de Produção: Não, porque elas não produzem, mas apenas recebem, beneficiam, industrializam e comercializam a produção dos seus Cooperados.
Anjo do Ramo de Saúde: Esse ramo é composto por cooperativas que se dedicam à preservação e promoção da saúde humana.
São Pedro: E a cooperativa de veterinários?
Anjo do Ramo de Saúde: São cooperativas de profissionais e integram o Ramo Trabalho.
Anjo do Ramo de Trabalho: Sim eu fui do ramo trabalho, composto pelas cooperativas que se dedicam à organização e administração dos interesses inerentes à atividade profissional dos trabalhadores.
Anjo do Ramo de Transporte: Isso. Eu fui do ramo transporte, composto por cooperativas que atuam no transporte de cargas e de passageiros.
Anjo do Ramo de Turismo e Lazer: O ramo de turismo e lazer é composto por cooperativas que prestam serviços turísticos, artísticos, de entretenimento, de esportes e de hotelaria, ou atendem direta e prioritariamente o seu quadro social nessas áreas”.
São Pedro: Afinal de contas, o Governo Brasileiro está apoiando o Sistema Cooperativista.
Anjinha 6: E muito! Ele até nomeou o maior líder Cooperativista do Planeta Terra para seu Ministro e apóia o Cooperativismo mediante o Departamento Nacional de Cooperativismo e Associativismo Rural – Denacoop.
São Pedro: E os políticos já despertaram para a importância do Cooperativismo?
Anjinha 6: No Brasil eles estão formando frentes parlamentares do cooperativismo– Frencoop no âmbito federal, estadual e municipal para atender aos ramos do Cooperativismo, que estão se organizando em conselhos especializados.
Anjinha 7: São Pedro, o Senhor não se cansa de ouvir tanto sobre o Cooperativismo?
São Pedro: Muito pelo contrário. Eu gostaria de saber como está organizado o Cooperativismo do Estado de … (Estado onde está sendo apresentado o teatro).
Anjo da UF: (Será uma pessoa com sotaque e traje do Estado, relatando os ramos que existem no Estado. Em MG pode ser o Nérson da Capetinga, em SC o Fritz ou a Frida, etc.).
ORIENTAÇÕES
- Valorizar e preservar as diferenças culturais de cada povo é uma das estratégias para viabilizar a globalização com inclusão social, tão importante neste terceiro milênio, em que a humanidade convive numa aldeia global.
- Por outro lado, é a grande chance de divulgar a Cultura da Cooperação a partir de 2012, definido pela ONU “Ano Internacional das Cooperativas“.
- A Cultura da Cooperação é uma Diretriz do XIII Congresso Brasileiro de Cooperativismo – CBC, ver 2.8 item d), bem como um Objetivo do Plano Estratégico da OCB, ver objetivo 9 – Linha de ação 4, e um Objetivo do Plano Estratégico do Sescoop, ver objetivo 1 – Linhas de ação 1, 3 e 4.
- Esta peça teatral, registrada na Biblioteca Nacional, em 31/10/03, sob o nº 303.241, na folha 401 do Livro 551, foi aprovada pelo Ministério da Cultura, sob o nº 05 3315, com apoio da Frencoop, para ser apresentada em todos os Estados do Brasil, com o objetivo de divulgar o Sistema Cooperativista e a Cultura da Cooperação, mediante autorização do autor, porque requer serviços profissionais.
- Sugere-se que esta peça, mediante o patrocínio de entidades, chegue também a pessoas que não têm condições de pagar pelo ingresso.
Observação: A Hatha Life–HL, que criou esta peça teatral, visa gerar ocupação, renda e cidadania ao maior número possível de pessoas, organizadas em grupinhos de 7 a 13 membros.
Esses grupinhos são denominados pré cooperativas, termo criado pela HE para ensinar gratuitamente o Cooperativismo, na teoria e na prática, a todas as pessoas, principalmente às marginalizadas pelo mercado.
Sugere-se que as entidades promovam eventos que propiciem a participação de homens e mulheres, incluindo crianças, jovens, adultos e idosos, para valorizar a família, que é a célula de uma sociedade sadia.
Nesse sentido a Hatha Rosas-HR ensina a desenhar a árvore genealógica de qualquer família com canetas esferográficas de quatro cores num coração, para dar no Dia dos Pais, no Dia das Mães, em casamentos, bodas ou em outras festas familiares.
Façamos tudo com extrema humildade, pois somos meros instrumentos para cumprir a vontade divina.
Que Deus esteja sempre em nossos corações!