DURMA, MEU FILHO

 (Hatha Empreendimentos – HE – Versão de 26/03/17)

Ouve-se a música (cantada) “Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones”.

Quando baixa o volume da música, abre-se a cortina e um adolescente, deitado na cama, com uma bandeira dos Estados Unidos colada na parede, assiste um filme no tablet. O seu pai, de pijama, entra no quarto. Assusta-se com o que vê e fica inseguro sobre como proceder, mas resolve falar…

BOB: Meu filho, onde você encontrou esse filme?

FILHO: Na Internet. É um documentário bem interessante, denominado “Fahrenheit 11 de Setembro”, feito por Michael Moore.

BOB: Por favor não assista isso, pois o autor é um antipatriota, que só quer desmoralizar a nós, norte-americanos. Esse filme vai perturbar o teu sono.

        O filho, contrariado, desliga o tablete, e pergunta:

JAMES: Pai, por que atacamos o Iraque?  

BOB: Porque o Iraque tinha armas de destruição em massa…  

JAMES: Mas os inspetores não encontraram nada…  

BOB: É porque os iraquianos esconderam essas armas.  

JAMES: Ah é? Não acredito nisso. Depois de invadir o país, constatou-se que o Iraque não tinha armas de destruição em massa, fato que o próprio Ex-Presidente Jorge W. Bush já reconheceu… A consequência foi o surgimento de Estado Islâmico e o terrorismo mundial.

BOB: Ora bolas! Ele, como presidente, tinha o dever de defender os Estados Unidos contra terroristas.

JAMES: E havia terroristas no Iraque?

BOB: Os terroristas de Osama Bin Laden nos atacaram e Bush realizou ataques preventivos contra o Iraque e o Afeganistão, países que ameaçavam a segurança dos Estados Unidos.

JAMES: Essa é boa! Então os outros países, que se sentirem ameaçados, podem fazer o mesmo?

BOB: Que absurdo! É melhor você dormir.

JAMES: Pois é! Faz horas que não consigo dormir… e sabe por quê?

BOB: Obviamente. (Sentando-se na poltrona, ao lado da cama). Sempre estou disposto a te ouvir, meu filho!

JAMES: Por que, ao invés de gastar bilhões de dólares em armas, os Estados Unidos não investem este dinheiro na solução dos problemas que geram o terrorismo?

BOB: My boy, como você ainda é ingênuo. Nesse caso a indústria bélica entraria em crise, teu pai perderia o emprego e morrerias de fome…

        O filho salta da cama, fica em pé diante do pai e protesta.

JAMES: Então o senhor prefere que milhares de pessoas morram de fome, os nossos soldados matem inocentes e morram para alimentar o teu filho? Prefiro sair de casa e me virar sozinho. Não quero ser culpado por esses crimes… (Vai até a porta, decidido a sair de casa).

BOB: Meu filho não seja tão drástico…

O filho volta para a cama e o pai vai até a porta, querendo apagar a luz…

JAMES: Desculpe, pai, eu apenas queria expor os motivos porque não consigo dormir. Vamos continuar o nosso diálogo?

BOB: Tudo bem. Mas, por favor, controle a tua língua. As tuas alegações são extremamente comprometedoras. (Volta a sentar na poltrona e toma um whisky).

JAMES: Penso que o senhor, por ser meu pai e pelo cargo que ocupava no Governo Bush, é a pessoa mais indicada para esclarecer minhas dúvidas…

BOB: Que dúvidas, meu filho?

JAMES: A família Bush não é sócia da família Bin Laden?

BOB: Claro, mas só em negócios petrolíferos?

JAMES: Ah sim! O Iraque é um dos maiores produtores de petróleo.

BOB: Very good, my boy! Parece que agora você percebeu que a guerra no Iraque é um dos melhores negócios para os Estados Unidos, pois lá existe um mar de petróleo, que vai financiar toda a reconstrução do Iraque e ainda gerar enormes lucros.

JAMES: Eu vejo isso como um desastre, pois o Iraque é a antiga Mesopotâmia, um dos berços da civilização, que estamos destruindo por interesses mesquinhos.

BOB: Infelizmente o mundo é comandado por interesses econômicos, que agora estão sendo ameaçados por terroristas.

JAMES: Terroristas? Os Estados Unidos não treinaram e financiaram Osama Bin Laden?

BOB: Sim, quando era nosso aliado na luta contra os soviéticos no Afeganistão.

JAMES: Por que Bin Laden era nosso aliado?

BOB: Para combater o Comunismo.

JAMES: E defender o Capitalismo, que é tão ou mais desumano, pois gera a globalização com exclusão social e resulta no terrorismo?

BOB: E existe outra alternativa?

JAMES: Sem dúvida! É o Cooperativismo.

BOB: Ué? O que é isso?

JAMES: O Sistema Cooperativista surgiu na mesma época e no mesmo contexto do Sindicalismo e do Comunismo, mas com uma proposta alternativa, que vingou em todos os países e em todos os setores da economia.

BOB: Inclusive nos Estados Unidos?

JAMES: Sim. Aqui o Cooperativismo Agrícola e o Cooperativismo de Crédito são bem desenvolvidos, servindo até de referência para outros países.

BOB: Em que esse sistema se diferencia do Capitalismo e do Comunismo?

JAMES: No Sistema Cooperativista cada pessoa tem apenas um voto para a tomada de qualquer decisão. Por isso ele é plenamente democrático.

BOB: Sim, e o lucro é dividido igualitariamente?

JAMES. Não, porque não é um sistema comunista. No Cooperativismo o resultado é distribuído proporcionalmente à participação de cada cooperante, o que gera distribuição da renda e justiça social.

BOB: Realmente interessante. E funciona da mesma forma em todos os países?

JAMES: Bem, ele tem que se adaptar ao contexto de cada local, mas tem Princípios e Valores em comum, inclusive uma representação em âmbito local, estadual, regional, nacional e até mundial, como interlocutor para o desenvolvimento autogestionado de cada país.

BOB: Tem representação mundial? E para quê?

JAMES: Porque é conveniente, pois com o fracasso do Comunismo e o caos gerado pelo Capitalismo, o Sistema Cooperativista está se preparando para ser o interlocutor junto aos governos, no intuito de buscar novas perspectivas para a humanidade.

BOB: E que perspectivas são essas?

JAMES: Conforme um dos maiores líderes mundiais desse sistema, o Sr. Roberto Rodrigues, ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB e da Aliança Cooperativa Internacional – ACI, o Cooperativismo é o caminho para a democracia e a paz.

BOB: De onde você adquiriu todos esses conhecimentos?

JAMES: Há um grupo de técnicos na Organização das Cooperativas do Estado de…. Uma técnica deste grupo veio me visitar…

BOB: My God! É aquela gatinha que veio hoje pela manhã e está hospedada em nossa casa?

JAMES: Tira os olhos dessa menina. Está na hora de o Senhor dar um destino aos miúdos!

BOB: Já dei, meu filho… (faz um gesto que demonstra ser da coluna do meio).

JAMES: Eu já desconfiava disso… É bom o Senhor saber que a Karol é muito séria e estudiosa…

BOB: Bem por isso que eu gostaria de tê-la como nora…

JAMES: Deixa esse assunto comigo. O que ela poderia fazer é contar algo sobre o Cooperativismo Brasileiro.

BOB: Por favor, chama a Karol para vir aqui…

JAMES: Garanto que está estudando… (liga: Karol?)

KAROL: É você, James?

JAMES: Sim, podes vir agora ao meu quarto?

KAROL: Agora? Já estou pronta para dormir…

JAMES: Não tem importância. O pai e eu apenas queremos algumas informações sobre o Cooperativismo Brasileiro.

KAROL: OK. Vou selecionar algum material para vocês…

Toca uma música de aconchego e se vê no semblante dos dois o clima de expectativa…

KAROL: (batendo à porta). Posso entrar?

BOB: Óbvio, seja bem-vinda! (o pai levanta e quer abrir a porta, mas o filho vai na frente e deixa a visitante entrar).

JAMES: Desculpa, Karol! Como vês, meu quarto está uma bagunça. O que você tem sobre o Cooperativismo?

KAROL: Boa noite (saúda os dois, dando a mão). Aqui vocês têm as Diretrizes do último Congresso Brasileiro de Cooperativismo, o Planejamento Estratégico da OCB e do Sescoop (2010-2020), o Programa do JovemCoop, o Programa Cooperjovem e um DVD sobre o Cooperativismo Brasileiro.

BOB: Que tal vermos o DVD?

JAMES: Ótima ideia. (colocando o DVD na TV, assistem com a plateia a mensagem).

BOB: Realmente é muito interessante! E fiquei sabendo que você participa de um grupo de jovens cooperativistas…

KAROL: Sim. Eu tive a felicidade de vir aos Estados Unidos, pois além de conhecer o cooperativismo daqui, quis também fazer uma visita ao James, que sempre demonstrou grande interesse pelo Sistema Cooperativista.

BOB: Isso me deixa muito feliz…

KAROL: Bem, agora preciso dormir, pois amanhã cedo vou visitar uma cooperativa daqui. Boa noite!

BOB e JAMES: Boa noite!

BOB: Parabéns! Esse DVD é mais interessante do que aquela porcaria que você estava assistindo. Fico muito feliz ao ver meu filho procurando contatos internacionais para intercâmbio de informações. Por que você tem tanta admiração pelo Brasil?

JAMES: Porque o Brasil é um país pacífico, que tem um projeto de Ecoturismo Cooperativo, que vai gerar oportunidades de ocupação, renda e cidadania em âmbito mundial.

BOB: Isso é uma bela ilusão…

JAMES: Engano seu. Esse é o maior desafio neste início do terceiro milênio em que todos os povos precisam conviver pacificamente, respeitando as diferenças culturais e raciais, pois o mundo tornou-se uma aldeia global.

BOB: Onde você aprendeu isso?

JAMES: Comigo mesmo, pela introspecção e pela meditação. Todos nós precisamos desenvolver a consciência ativa da cidadania planetária em defesa da Mãe Terra, que está sendo ameaçada pelo fundamentalismo religioso.

BOB: Chega, chega, chega… Não queira me doutrinar. A realidade é bem outra.

JAMES: Será! A maioria das pessoas pensa assim e, inclusive, mais da metade do povo norte-americano, que elegeu Barak Hussein Obama para presidente, pois está cansado dessas guerras estúpidas.

BOB: Meu filho, você continua um sonhador. Agora foi eleito o Donald Trump, que vai terminar com todos esses sonhos. Vamos falar de algo mais concreto.

JAMES: Pois não. Os Estados Unidos não financiaram o Saddam Hussein?

BOB: Só na guerra contra o Irã. Depois que ele invadiu o Kuweit e torturou o povo iraquiano, tornou-se o nosso inimigo.

JAMES: E como resposta invadimos o Iraque e também torturamos os iraquianos…

BOB: Sim, mas por um objetivo nobre, que é implantar a liberdade e a democracia nesse país.

JAMES: Vamos ter o mesmo procedimento com a China e a Arábia Saudita?

BOB: (bem nervoso): Não compare a China e a Arábia Saudita com o Iraque. A China é um bom parceiro econômico, onde milhões de pessoas trabalham quase de graça para enriquecer empresas norte-americanas. E a Arábia Saudita é a nossa grande aliada entre os países árabes.

JAMES: Exatamente como eu pensava. Tudo gira em torno dos interesses dos Estados Unidos!

BOB: Filho! Se você é contra os interesses dos Estados Unidos, não dá para dialogar. É melhor você dormir… Boa noite!

        O pai vai até a porta e quer apagar a luz, quando ouve o filho:

JAMES: Pai, eu não queria magoá-lo. Por favor, fica um pouco mais comigo.

BOB: OK! Mas, por favor, vamos falar de coisas mais amenas…

JAMES: Por que os países têm exército e gastam tanto em armas, quando têm problemas muito maiores para resolver? Agora o presidente Donald Trump ainda quer aumentar o investimento na indústria bélica…

BOB: E quem defenderia esses países?

JAMES: A ONU. Só ela deveria ter um exército, financiado por todos os países para garantir eleições livres e a democracia no mundo inteiro, o que seria muito mais barato, eficiente e eficaz do que o Presidente dos Estados Unidos assumir esse papel às nossas custas, gerando antipatia nos demais países.  

BOB: Meu filho, novamente você está sendo ingênuo. Você sabe que o Ex-Presidente Bush estava acima da ONU? Além disso, toda a nossa indústria bélica iria falir e já te falei das consequências…

JAMES: Se Bush estava acima da ONU, quem ele ouvia para tomar as suas decisões.

BOB: Ele é um homem muito religioso e dialogava diretamente com Deus.

JAMES: Então é Deus quem orienta o Ex-Presidente Bush?

BOB: É isso, meu filho.

JAMES: E Deus tem senso de justiça?

BOB: É óbvio. Você não aprendeu isso no catecismo?

JAMES: Se Ele é justo e orientava o nosso presidente, porque Deus não pede para o Ex-Presidente Bush indenizar, com recursos próprios, o Iraque e as famílias vitimadas, depois de reconhecer que o Iraque foi atacado por motivos falsos?

BOB: Chega! Durma meu filho. (E, voltando-se para a platéia) Quem não vai dormir agora, sou eu!

O pai levanta, apaga a luz e sai do quarto. Fecha-se a cortina. Continua a música: Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Rolling Stones…

FIM

Observação: A Hatha Life-HL, que criou esta encenação, visa gerar ocupação, renda e cidadania ao maior número possível de pessoas, organizadas em grupinhos de 7 a 13 membros.

Esses grupinhos são denominados pré cooperativas, termo criado pela Hatha Empreendimentos-HE para ensinar gratuitamente o Cooperativismo, na teoria e na prática, a todas as pessoas, principalmente às marginalizadas pelo mercado.

Sugere-se que as entidades promovam eventos que propiciem a participação de homens e mulheres, incluindo crianças, jovens, adultos e idosos, para valorizar a família, que é a célula de uma sociedade sadia.

Nesse sentido a HE ensina a desenhar a árvore genealógica de qualquer família com canetas esferográficas de quatro cores num coração, para dar no Dia dos Pais, no Dia das Mães, em casamentos, bodas ou em outras festas familiares.

Façamos tudo com extrema humildade, pois somos meros instrumentos para cumprir a vontade divina.

Que Deus esteja sempre em nossos corações!

OBSERVAÇÕES

  1. Esta peça teatral foi elaborada para um cenário simples, com três atores, a fim de que possa ser apresentada em qualquer município do Brasil, já que não se cobra direitos autorais, reservados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, pois se visa divulgar, gratuitamente, valores importantes para a humanidade neste terceiro milênio. Cada cooperativa pode fazer as alterações que julgar convenientes. O importante é ressaltar que, diante de tantos desatinos no mundo atual, o Cooperativismo se revela como a melhor alternativa, conduzindo a sociedade para a Democracia e a Paz.
  2. Outras duas peças teatrais, do mesmo autor, também registradas na Biblioteca Nacional, requerem serviços profissionais de uma companhia de teatro e estão disponíveis a todos os Estados. Uma, denominada “Um Estranho no Paraíso” ou, nos três Estados do Sul, “Um Gaudério na Estância do Além” que, além de ser uma bela comédia, apresenta informações interessantes sobre associativismo e cooperativismo. A outra, denominada “Sicut in Coelo et in Terra” (Assim na Terra como no Céu), visa harmonizar as três religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) para evitar guerras baseadas no fundamentalismo religioso, a maior ameaça neste início do terceiro milênio.